sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Em áudio sobre "estancar" Lava Jato, Jucá disse que Teori não tinha "ligação"



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: UOL Imagem: Luis Nova (Framephoto/Estadão)


Na polêmica conversa em que sugeriu que uma "mudança" no governo federal levaria a um pacto para "estancar a sangria" da Operação Lava Jato, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) dissuadiu Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, de "buscar alguém que tem ligação" com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki, morto esta quinta (19) em acidente aéreo no litoral do Rio de Janeiro.
"Um caminho é buscar alguém que tem ligação com o Teori [Zavascki, relator da Lava Jato], mas parece que não tem ninguém", disse Machado.
"Não tem. É um cara fechado, foi ela [Dilma] que botou, um cara... Burocrata da... Ex-ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça]", afirmou Jucá.
Teori era o relator da Operação Lava Jato no STF, na qual Machado e Jucá são investigados. Nessa posição, o magistrado tinha o poder de homologar delações e ditar o ritmo dos processos sobre o esquema de corrupção que envolviam pessoas com foro privilegiado --ou seja, deputados, senadores e ministros.
Em maio, Teori homologou a delação de Machado, que tem menções ao presidente da República, Michel Temer, e a políticos de PMDB, PSDB, PP e PT.
Com a morte de Teori, caberá a Temer indicar um novo ministro para o Supremo. O nome terá que ser aprovado pelo Senado, onde há 11 investigados na Lava Jato --entre eles Jucá.
Acordo com o Supremo A conversa entre Machado e Jucá ocorreu em março, pouco antes da votação em que a Câmara aceitou dar continuidade ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Trechos do diálogo, gravado por Machado, foram divulgados em maio pela "Folha de S. Paulo".
Na mesma gravação, Jucá afirma que "tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria", por meio de um acordo "com o Supremo, com tudo".
"Delimitava onde está, pronto", disse o senador.
Com a revelação do diálogo, Jucá negou que estivesse defendendo a paralisação da Operação Lava Jato, mas sim "delimitar as responsabilidades".
"Não há o que fazer mais. Ninguém em sã consciência pode entender que há uma forma de barrar a Lava Jato", afirmou Jucá na época, quando pediu afastamento do Ministério do Planejamento até que fossem "esclarecidas as informações divulgadas pela imprensa".
Esta quinta, após o anúncio da morte de Teori Zavascki, Jucá disse que o falecimento do ministro do STF "é uma grande perda para o país, em especial para a justiça brasileira. Segundo o senador, o juiz "sempre desempenhou um trabalho com precisão técnica e discrição necessária." O parlamentar disse lamentar a perda e estar solidário "à família, amigos e admiradores." 
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