quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Donald Trump surpreende e é eleito presidente dos Estados Unidos



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: R7 Imagem: Divulgação

Com uma arrancada surpreendente, o bilionário Donald John Trump, 70 anos, superou todas as desconfianças sobre a força de sua candidatura e foi eleito presidente dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (9), algo que parecia inacreditável, por seu estilo excêntrico e discurso radical, no início da campanha. O resultado pode ser considerado o ponto máximo da onda conservadora que se espalhou pelo mundo nos últimos cinco anos. Pouco depois das 5h30, Trump alcançou 276 dos votos do Colégio Eleitoral, contra 218 da democrata Hillary Clinton. Para chegar à Casa Branca, Trump precisava de, no mínimo, 270 votos dos 538 do Colégio Eleitoral.
A grande expectativa agora é conferir se o novo presidente, que terá como vice Mike Pence, realmente colocará sua retórica agressiva e polêmica em prática, reformulando por completo várias políticas, inclusive sociais, bancadas pelo seu antecessor, o democrata Barack Obama (2009-2017), conforme afirma o professor de Relações Internacionais da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), Emmanuel de Oliveira Jr.. Ele terá oposição dentro do próprio partido, segundo o especialista 
Sobre a maneira como ele vai administrar, não se tem certeza. A evidência é que Trump não terá o Partido Republicano inteiro o apoiando. O partido está rachado, partes da liderança e dos congressistas não querem ele como presidente. Não o querem e não acreditam no seu governo e isso tende a se agravar durante sua presidência.
Com promessas que agradaram em cheio o eleitorado considerado da América Profunda, no interior do país, mesmo rejeitando o apoio, Trump atraiu a simpatia de grupos supremacistas brancos, inclusive por defender o livre porte de armas para os americanos, também para alunos dentro das escolas. Mas as desconfianças dentro do próprio partido, para Oliveira Jr., farão ele arrefecer esse discurso extremado.
(A divisão do partido) até será um fator positivo neste sentido, porque as promessas, principalmente as mais radicais, tendem a ser reavaliadas e remodeladas pelo Congresso. Mas também existe o risco dele ter força no Poder Legislativo para conseguir fazer essas propostas serem aprovadas.
A expectativa é de que Trump invista pesadamente na retomada de uma economia cuja matriz energética seja o carvão, contrariando os acordos internacionais que determinavam maiores investimentos na chamada energia limpa, para reduzir o efeito estufa provocado pela emissão de gases poluentes. Para ele, afinal, tudo não passa de exagero dos ecologistas.
Na área educacional, a mesma política radical deverá acabar com empréstimos a univesritários e ainda determinar uma redução de gastos que culminariam com o fechamento de órgãos, como o Departamento de Educação
As mulheres também correm risco de verem seus direitos retrocederem já que, durante a campanha, o candidato, abertamente contrário ao aborto, não deixou clara sua posição sobre igualdade de remuneração e licença maternidade. Suas frases sexistas, no entanto, foram evidenciadas em várias ocasiões, de forma irônica, inesperadas ou subliminares.
E junto com Trump, adeus Obamacare. O programa lançado pelo presidente Barack Obama para dar a toda a população americana acesso a planos de saúde deverá ser interrompido na gestão do novo presidente, que considera a geração de empregos o principal propulsor para que a população tenha condições de pagar por um plano.
Em um momento em que, em vão, Obama tentava desmantelar finalmente a base de Guantánamo, em Cuba, a prática de tortura em relação a prisioneiros suspeitos deverá voltar a ser liberada na nova gestão. Inclusive o dramático "afogamento". Tudo isso faz parte da visão de Trump sobre a necessidade de fazer prevalecer os interesses americanos.
Além dos métodos pouco ortodoxos, principalmente para os que valorizam a questão de direitos humanos, Trump se prepara para pressionar os países aliados, como o Japão e nações europeias, a não dependerem de recursos americanos e investirem na própria segurança. Não se tratam, porém, de repentinas propostas tiradas da obscuridade.
Tudo isso foi falado e propalado aos quatro cantos do país pelos palanques em meio a regiões desérticas ou pacatas cidades bucólicas. A população como um todo o apoiou. Mas não os grandes nomes do partido que, paradoxalmente, apenas por rejeitarem a figura idiossincrática do candidato ruivo e estranhamente cabeludo, abriram mão de apoiar a volta de um de seus membros ao poder, após duas gestões dos democratas. Tal postura, porém, acabou sendo favorável para o triunfo do novo presidente, conforme ressalta Oliveira Jr.
A fragmentação do Partido Republicano para apresentar uma outra candidatura viável ao Trump, favoreceu muito a candidatura e o fortaleceu (seu discurso conservador ganhou força pelo país.
A América Latina também deverá ficar à margem na política internacional do novo presidente, que nem mencionou o Brasil durante sua campanha. Com a postura isolacionista que deverá prevalecer no próximo governo americano, produtos brasileiros passarão a ter maior restrições para serem importados pelos Estados Unidos, segundo Oliveira Jr.
A relação com o Brasil não vai ser fácil. O Partido Republicano em si tem um paradoxo: se em termos políticos é voltado internamente a questões americanas, em relação às globais, do ponto de vista comercial e econômico é mais liberal do que o Democrata. Com isso, a presença dos republicanos nem sempre foi ruim para o Brasil. Acontece que Trump atuará com uma política distinta, interna e externamente voltada para questões norte-americanas. A tendência é que haja um refluxo nas relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos, inclusive na área comercial.
Entre 2010 e 2014, o comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos apontou crescimento de 33,8% (de US$ 47 bilhões em 2010 para US$ 63 bilhões em 2014), com as exportações brasileiras crescendo 39,7% e as importações, 29,6%. Em 2014, o Brasil importou mais dos Estados Unidos do que o contrário, com a balança pendendo em favor dos americanos, numa diferença de US$ 8 bilhões.
O conflito entre Israel e palestinos deverá ganhar alguns elementos complicadores, já que Trump não é adepto a concessões, por parte de Israel, em relação a reivindicações palestinas por territórios e por um Estado independente, dando apoio total ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Também em relação ao conflito na Síria, Trump buscará agir de maneira mais radical no combate ao Estado Islâmico. Os refugiados de todo o mundo, que se espremem em navios na perigosa travessia de mares revoltos, não terão acolhida nos Estados Unidos durante a presidência de Trump, que se disse favorável à explusão de todos os imigrantes ilegais no país, em torno de 11,1 milhões. E já se colocou a favor de impedir a entrada de muçulmanos em território americano.
Esse discurso, assim como a famosa proposta de um muro ser construído, com dinheiro mexicano, na fronteira entre Estados Unidos e México, foi bem visto pela população, segundo Oliveira Jr., um tanto cansada de certas dificuldades decorrentes dos sistemas democráticos, o que tem permitido a ascensão de personalidades populistas e autoritárias.
A vitória de Trump, de maneira geral, não só nos Estados Unidos, é expressão do não político fazendo política. A democracia, de uma maneira geral, no Brasil, Estados Unidos, França, etc., está em um momento de descrédito e de dificuldades em relação ao seu sistema político.

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