sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Brasil é o lider no ParaPan 2015



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: G1 Imagem: Divulgação

 


O tempo nunca foi inimigo para a paranaense Maria Luiza Passos. Aos 64 anos, a mesa-tenista acaba de se despedir dos Jogos Parapan-americanos de Toronto com duas medalhas de prata, uma na competição individual feminina classe 5 e outra por equipes classe 4/5. Cadeirante desde 23 anos de idade, quando um tumor na coluna tirou parcialmente os movimentos das suas pernas, Malu, como é chamada, disputou o seu quinto Parapan. Avó de Gabriel, Vinicius e Mellanie, ela diz não pensar em aposentadoria. Ao menos enquanto estiver se sentindo com boas condições físicas para jogar em alto nível.
- Vai chegar uma hora que vou ter que parar. Hoje eu não sei dizer quando isso vai acontecer. Primeiro porque eu gosto muito do tênis de mesa. E segundo porque eu tenho uma neta de 14 anos, a Mellaine que também é mesa-tenista e eu quero acompanha-la. Ela participa de campeonatos, e eu estou sempre com ela. Quero encaminhá-la. No momento em que ela começar a disputar grandes eventos, quem sabe não seja a hora de parar - disse Malu.
Maria Luiza perdeu parcialmente os movimentos da pernas durante a gravidez. Na época, ela trabalhava como bancária, mas já era atleta amadora. No colégio, chegou a jogar tênis de mesa antes de começar a praticar vôlei, o primeiro esporte que levou a sério. A lesão na medula, entretanto, obrigou a paranaense a abandonar as quadras. Foi aí que ela descobriu a Associação de Deficientes Físicos do Paraná, onde treina e ainda tem um emprego na parte administrativa da instituição. O esporte escolhido foi o tênis de mesa paralímpico.
A ascensão na nova modalidade foi gradativa. Ela começou a participar de grandes competições há 15 anos. Em 2003, a paranaense conseguiu ir ao seu primeiro Parapan, em Santo Domingo. Na ocasião, foi medalha de prata individual e por equipes. Com a carreira consolidada, Malu foi também aos Parapans de 2007, no Rio, e de 2011, em Guadalajara. No primeiro, levou bronze no individual e por equipes. No segundo, apenas bronze individual.
- Gosto desse ambiente de jogos, também gosto de conhecer pessoas. Sem contar o desafio, né? Nosso tênis de mesa está evoluindo a cada dia que passa. Em termos de Américas, nós somos os melhores. Digo isso pelos resultados. A nível mundial estamos começando a chegar lá, e acho que no Rio nós vamos conseguir algumas medalhas - frisou.
Em Toronto, Malu também conquistou duas medalhas. Uma delas foi a prata individual. Na ocasião, a veterana conseguiu a vaga na final ao eliminar a chilena Tamara Monsalve, de apenas 18 anos. Na decisão do ouro, derrota para a mexicana Maria Paredes, de 40 anos, segunda atleta mais experiente da classe 5 do tênis de mesa parapan-americano. O fato de enfrentar adversárias muito mais novas não incomoda Maria Luiza.
- Minha relação com os mais novos é ótima, me dou bem com todos eles. Sempre convivi com gente jovem. Quando entrei para a Associação do Paraná, a maioria era mais jovem. Agora que estou começando a sentir uma diferença, não sei se é porque já sou avó. Sobre a competição individual, eu queria um ouro. Quem não quer um ouro?! Acho que fiz uma boa final, mas a adversária foi melhor que eu e mereceu o ouro. Mas, fazendo uma avaliação, acho que fiz uma boa participação no individual - comentou.

A quinta-feira em Toronto deu ao Brasil a sensação de dever cumprido. Mesmo faltando ainda dois dias de disputas, o país alcançou a meta estabelecida pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) de superar o desempenho nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara. Dentre as modalidades, os destaques do dia ficaram por conta do tênis de mesa, que encerrou a sua participação nos Jogos com o melhor desempenho da história; o vôlei sentado, no qual o Brasil chegou às finais masculina e feminina; e o atletismo, em mais um dia marcado por quedas e acidentes. Confira o top 5 do 6º dia do Parapan:
Se em 2011 o país conquistou 197 medalhas, sendo 81 de ouro, na edição canadense a delegação verde-amarela já contabiliza 210 pódios e 86 títulos. Com ainda há dois dias de competição pela frente, ultrapassar os números do Rio 2007 tornar-se algo palpável. Quando foi anfitrião do evento, o Brasil faturou 228 medalhas no total.
Uma das modalidades que mais colaborou nesta conta foi o tênis de mesa. A delegação brasileira encerrou sua participação no Parapan de Toronto com o melhor desempenho da história do país no torneio. Com as quatro medalhas desta quinta-feira, último dia de competição na modalidade, o país contabilizou 15 ouros, dez pratas e seis bronzes.
- Estávamos muito preparados. Tínhamos uma meta difícil, de 15 ouros, e conseguimos alcançá-la. Os atletas demonstraram seu potencial. Agora, vamos nos voltar para o mais difícil caminho, que é rumo aos Jogos Paralímpicos de 2016 - disse o coordenador técnico da seleção, José Ricardo Rizzone.
O vôlei sentado brasileiro também brilhou nesta quinta-feira. Tanto a equipe masculina como a feminina conseguiram a classificação à final, garantindo mais duas medalhas para o Brasil em esportes coletivos. Em ambas as categorias, o adversário na decisão será os Estados Unidos. As mulheres jogam às 18h. Os homens entram em quadra logo depois, às 20h. A seleção feminina teve como adversária na semifinal o Canadá. Contando com grande atuação da atacante Suellen, autora de 17 pontos, o Brasil atropelou as canadenses, jogando as donas da casa para a disputa do bronze. No masculino, a vítima foi Colômbia, que também levou 3 a 0.
- Fizemos uma ótima partida e não acho que eu ganhei o jogo sozinha. Mesmo com a minha boa atuação, tive a ajuda das minhas companheiras nos passes, defesas e demais fundamentos do voleibol. Acho que os Estados Unidos são favoritos nessa final - comentou Suellen.
A quinta-feira foi marcada por quedas e batidas no atletismo. Na prova dos 800m T54, classe para cadeirantes, uma batida envolveu as cadeiras de cinco dos oitos finalistas - não havia brasileiros na disputa. O mexicano Juan Cervantes, que provocou o acidente, quase foi atropelado e recebeu atendimento médico ainda na pista, enquanto os rivais receberam ajuda para retornarem às cadeiras e cruzarem a linha de chegada sob aplausos, mesmo que seus resultados não tenham sido computados. Em todo caso, a prova foi realizada novamente no encerramento do dia, sem a participação do mexicano, que foi desclassificado. Sem acidentes, o Canadá fez dobradinha com Alex Dupont e Joshua Cassidy, e o venezuelano Juan Valladares completou o pódio.
O brasileiro Rodrigo Parreira da Silva, por sua vez, estava vencendo os 200m rasos T36 (paralisia cerebral), mas a poucos metros da linha de chegada, sentiu dores na perna, viu seus adversários o ultrapassarem e caiu no chão. Bronze nos 100m, ele chorou por alguns minutos na pista, até ser consolado pelos voluntários, levantar e cruzar a linha de chegada. O resultado dele também não foi computado, e Rodrigo deixou o Estádio Parapan-Americano de cadeira de rodas. Daniel Mendes, por outro lado, foi ao chão, mas levou o bronze dos 200m rasos T11 (perda total da visão). Logo depois da chegada, ele caiu e quase foi atropelado por Jorge Borges, guia de Felipe Gomes, também brasileiros.

Confira aqui o quadro de medalhas.

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