quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Motim na cadeia de Imbituva durou mais de 20 horas



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Rodrigo Zub (Rádio Najuá) Imagem: Divulgação

Pudim de chocolate, salsicha, refrigerantes de determinadas marcas, frutas e até cigarro. Essas eram algumas reivindicações apresentadas por detentos da Delegacia de Polícia Civil de Imbituva, que realizaram um motim na carceragem. O tumulto durou cerca de 20 horas e foi encerrado no fim da tarde de terça-feira, 20.
Policiais Militares de Irati, Policiais Civis de Ponta Grossa, além de representantes da Justiça, do Ministério Público e da OAB estiveram no local para negociar com os presos. No total, eram 55 presos amotinados desde segunda-feira, 19, na unidade superlotada. Segundo a Polícia Civil, não houve registro de feridos.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que não considerou o fato uma rebelião, mas um princípio de tumulto, já que não houve reféns.
Após a entrada dos policiais nas celas, foi realizada uma vistoria na cadeia. Segundo a Polícia Civil, foram apreendidos alguns celulares e estoques (armas improvisadas).
Enquanto os presos negociavam o fim do motim, familiares se concentravam em frente à Delegacia. Algumas mulheres exibiram cartazes pedindo justiça, reclamando de abuso de poder, dizendo que pessoas inocentes foram presas e pedindo água e comida para os detentos.
Uma mulher, que preferiu não se identificar, que reside próximo a cadeia, entrou em contato com a Rádio Najuá. Ela questiona o fato da Delegacia estar situada na área central de Imbituva, o que gera sensação de medo e insegurança. A moradora afirma que possui dois filhos pequenos, e assim como outras mães, teme pela integridade dos mesmos. “A Delegacia está mal localizada. Ela não deveria ser no centro da cidade, além do que não oferece as condições mínimas de funcionamento”, avalia a moradora.
Alimentação e água
A Juíza da Comarca de Imbituva, Sandra Lustosa Franco, disse que os presos questionavam a forma como a alimentação e a água é fornecida na cadeia. Sandra informou que as reivindicações serão analisadas em conjunto com o Delegado Agostinho Mussilini Junior. Segundo a Juíza, algumas solicitações poderão ser atendidas para evitar que novos tumultos e rebeliões aconteçam. “O que for necessário acolher, a gente vai acolher, porque eles precisam de um pouco de dignidade vivendo lá dentro, num ambiente que cabem oito pessoas eles estão vivendo em 55. Tem que tentar amenizar um pouco até para evitar essas rebeliões e correr o risco para a sociedade imbituvense”.
Sandra também explicou como teve início o motim na carceragem. “Essa operação só se deu porque houve um princípio de rebelião nesta madrugada [de terça-feira] e há indícios que eles [presos] estão com celular e drogas dentro da carceragem. Por isso, foi implementada essa ação da Polícia Civil em conjunto com a Rotam”.
Reivindicações
O Delegado de Imbituva diz que os detentos reclamam de uma série de fatores, entre eles a superlotação, as condições de insalubridade das celas, além da forma como está sendo fornecida a comida e realizada as visitas aos detentos. Agostinho considerou que algumas reivindicações são impossíveis de ser atendidas. Ele ainda comenta que o motim pode ter sido uma retaliação após algumas ações realizadas na semana passada para impedir a entrada de drogas e celulares na Delegacia.
“Semana passada houve uma operação de revista onde foram apreendidos 37 celulares e uma quantidade de maconha. Ainda durante a semana passada, foi apreendida uma quantidade de quase 600 gramas de maconha, que foram arremessados pelo solário, celulares arremessados, juntando todos os fatores é o resultado dessa ação de hoje”, relatou Agostinho. 
Risco para os moradoresRepresentando a OAB, o advogado Fernando Deneka, acompanhou o motim. Ele também comentou sobre a situação da Delegacia. “Infelizmente se não mudar a situação dessa carceragem daqui uns dias terá outra rebelião e mais problemas. Acredito que as autoridades de segurança pública só vão se mexer quando acontecer uma tragédia. Pense num dia de visita, se os presos resolvem fazer uma rebelião. Como que vai ficar? A cadeia está superlotada, insalubre, os direitos humanos estão totalmente desrespeitados. A delegacia é um risco para todo mundo, seja para os presos, para os policiais que aqui trabalham e também para o cidadão que vem aqui um dia buscar seus direitos. Aquele que é vítima de um crime vem aqui e está correndo risco”, alertou o advogado.
Providências
O Delegado da 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa, Josimar Antonio da Silva, afirmou que o governo estadual está procurando tomar todas as providências para diminuir a população carcerária. “Esperamos que em breve Imbituva possa ser agraciada com essa forma de implantação de sistema e a cadeia possa respirar novamente com a capacidade correta de presos”, disse Josimar. 
Interdição
A cadeia de Imbituva está interditada desde o dia 26 de novembro, conforme determinação da justiça. Porém, nenhum preso foi transferido desde então. Dois homens acusados de homicídio foram conduzidos até a Delegacia na semana passada, já que não havia outro local para encaminhar os detentos. Atualmente, a unidade abriga 55 presos em um espaço construído para abrigar oito pessoas.
No dia 13 de janeiro, foi realizada uma operação bate grade na Delegacia. De acordo com a Polícia Civil de Imbituva foram apreendidos na carceragem: 37 celulares, 20 carregadores, 32 baterias, 16 chips telefônicos de diversas operadoras, 11 estoques e 36 gramas de maconha.




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