terça-feira, 9 de abril de 2013

MP de Prudentópolis mobiliza população contra a aprovação da PEC da impunidade, a PEC 37



By: INTERVALO DA NOTICIAS
Texto: Rodrigo Zub (Radio Najuá) com reportagens de Élio Kohut (Intervalo da Noticias) Imagem: Élio Kohut (Intervalo da Noticias)


Proposta de Emenda à Constituição nº 37 pretende impedir que órgãos como o Ministério Público realizem apurações criminais
Em novembro foi aprovada pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, por 14 votos a 2, a Proposta de Emenda à Constituição nº 37, a chamada PEC da impunidade. A iniciativa pretende alterar a Constituição Federal, restringindo o poder de investigação criminal às Polícias Civil e Federal, impedindo que outros órgãos, incluindo o Ministério Público (MP) e a Receita Federal, realizem apurações criminais.
Manifestando seu descontentamento com a decisão, as Promotoras de Justiça da Comarca de Prudentópolis, Aysha Sella Claro de Oliveira, e Silvia Galesi Campelo, resolveram mobilizar a comunidade escolar e a imprensa da cidade para impedir que a proposta seja aprovada. Neste sentido, as promotoras realizaram uma reunião no salão do Tribunal de Júri nesta segunda-feira, 8. Em pauta, a possibilidade de orientar e divulgar aos diretores e professores das escolas municipais sobre a importância da mobilização social, contra a proposta de Emenda Constitucional.

Em entrevista a reportagem da Najuá, Aysha explicou que as investigações em andamento irão perder sua validade com a mudança na constituição. Ela lembra que o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) será um dos órgãos que ficará sem qualquer atribuição investigatória e não irá existir a partir da aprovação da PEC 37. Criado em 1994, o Gaeco é um órgão destinado a investigação e combate ao crime organizado e controle externo da atividade policial, promovendo as ações penais pertinentes.
O órgão é composto por membros do Ministério Público, Polícia Civil e Polícia Militar (SESP - Secretaria Estadual de Segurança Pública do Estado do Paraná) e Secretaria de Fazenda, designados e integrados em Grupo. 

Aysha diz que o prefeito de Prudentópolis, Gilvan Agibert, servidores municipais e praticamente todos os vereadores já assinaram o documento de repúdio a aprovação da PEC 37. Os prudentopolitanos interessados em aderir ao movimento devem procurar as escolas, paróquias, igrejas e MP, locais em que estão disponíveis cópias do documento. O MP/PR desenvolveu um site específico sobre o tema, com acesso pela página principal da instituição (www.mp.pr.gov.br), com diversas informações sobre a PEC 37.
A promotora afirma que o MP não quer atrapalhar o trabalho da polícia. Para Aysha, a atuação do MP tem a função de apresentar dados complementares, essencialmente nos casos de crimes não convencionais, em que a intervenção da instituição pode fazer a diferença, por ser independente e ter prerrogativas que a polícia não tem o que ocasiona menos suscetível as pressões políticas. Atualmente, os únicos países que proíbem as investigações do MP são: Quênia, Indonésia e Uganda. A promotora comenta que a aprovação da PEC é um retrocesso e compara o Brasil aos outros países onde é vedada a atuação do MP no combate ao crime organizado.
“Quênia, Uganda e Indonésia não são países de primeiro mundo. Salvo a indonésia na questão do turismo, mas no final são poucos atrativos. São países que não são democratizados. Por isso, precisamos do engajamento da sociedade civil organizada para que a gente possa levar a Brasília a indignação e a contrariedade do povo com relação a PEC 37”, solicita.
O procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacoia, também já se posicionou publicamente contra a mudança na constituição. De acordo com ele, a PEC 37 é um golpe ao regime democrático e ao avanço da sociedade brasileira, justamente depois da aprovação de leis como da Improbidade Administrativa, dos Crimes Econômicos, Ficha Limpa e a Lei de Acesso à Informação.
Na sexta-feira, 12, será realizado um ato de repúdio contra a aprovação da PEC 37, em Curitiba.
Confira a entrevista com promotora Aysha ao repórter Élio Kohut:



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